quinta-feira, 6 de outubro de 2011

"Praticamente, não existe crítica de arte, na imprensa baiana" | André Setaro


Lucas Gama
Foto: Renato Alban (Labfoto/Facom)

Como o senhor acha que essa palestra pode ajudar os estudantes, principalmente os de jornalismo que pretendem ingressar na área de crítica cultural?
Eu acho que essa palestra é importante, na medida em que os estudantes possam tomar conhecimento do que seja a crítica cultural, seja ela aplicada à musica, ao teatro, ao cinema, às artes plásticas. Primeiro saber o que é crítica. Neste particular, o esclarecimento é muito importante – e vamos ter aqui vários especialistas no assunto: Hagamenon, Messias, Sampaio, entre outros. Inclusive a minha inoportuna presença.

Atualmente, quais são os maiores desafios para um crítico de cinema?
Em primeiro lugar, os jornais reservam pouquíssimo espaço para o cinema. Cada vez mais, o espaço é diminuído e não se pode fazer criticas mais desenvolvidas, ensaios cinematográficos, como antigamente. Antigamente, havia um grande espaço para o pensamento cinematográfico. Praticamente, não existe [hoje] crítica de arte, na imprensa baiana. Não existe.

Qual dica o senhor pode dar para quem pretende ingressar na área de critica de cinema?
O sujeito, para ser “crítico”, precisa, em primeiro lugar, formar um repertório. Ver filmes. Ver, ver e ver filmes. E ter uma preocupação em conhecer os filmes essenciais da história do cinema, para ter uma base referencial, sem a qual não será um bom crítico.

Como crítico de cinema, quais foram seus trabalhos mais marcantes?
É difícil dizer, porque como crítico, como comentarista de cinema, eu já tenho 32 anos... aliás, não! São 37 anos, que escrevo em jornais. E destacar, assim, o mais importante, é difícil. Todos os trabalhos são marcantes. Mas eu destacaria um: a entrevista que fiz a James Stewart, em 1984, no Rio de Janeiro. E, também, a entrevista que fiz com Glauber Rocha, em outubro de 1976, na sala da Tribuna da Bahia.