sexta-feira, 6 de julho de 2018

Desafios da comunicação estratégica são debatidos em evento na UFRB

Os desafios enfrentados pelos profissionais que trabalham com comunicação estratégica serão debatidos na próxima sexta-feira, 13, durante a 7ª edição do Ciclos de Jornalismo, evento que acontece pela primeira vez na Universidade Federal do Recôncavo (UFRB). Três palestrantes foram convidados para discutir o tema a partir de diferentes experiências no mercado de trabalho e das novas práticas diante da revolução digital. A mesa redonda será no auditório do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL), às 9 horas, no campus da UFRB em Cachoeira. 

Estão confirmados na mesa redonda a jornalista Monique Melo, empresária da comunicação corporativa há mais de 20 anos e fundadora da empresa Texto & Cia, o jornalista Carlos Prates, editor-chefe da Secretaria de Comunicação do Governo do Estado, e o diretor de assessoria de imprensa da Pipa Comunicação, Pietro Raña. “Nossa meta é reunir profissionais com visões distintas diante da prática da comunicação estratégica, algo que tende a ser enriquecedor para os estudantes da área”, comentou a professora Leila Nogueira.

A temática do evento foi escolhida após alunos do curso de comunicação da UFRB sinalizarem a necessidade de discutir as nuances desse mercado e as mudanças sintonizadas com as novas ferramentas digitais. Cada palestrante terá até 20 minutos para apresentar relatos da vivência profissional. Em seguida, respondem perguntas de dois debatedores convidados: a coordenadora do curso de publicidade e propaganda da UFRB, Juciara Maria Nogueira, e o estudante de jornalismo Bruno Leite, integrante do Grupo de Estudo e Pesquisa Cultura Científica, Gênero e Jornalismo. 

EVENTO – O Ciclos de Jornalismo é planejado pelos integrantes do Núcleo de Estudos em Jornalismo (Njor), grupo vinculado ao Programa de Pós-graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Universidade Federal da Bahia (PósCom/UFBA). “Neste semestre, foi possível ampliar o diálogo entre UFBA e UFRB, uma medida pensada e executada com o objetivo de contribuir na formação dos futuros profissionais da comunicação”, comentou a coordenadora do Njor e professora do PósCom, Lia Seixas.

A mediação do evento será feita pelo jornalista Eder Luis Santana, membro do NJOR e doutorando no PósCom. Esta é a sétima edição do Ciclos de Jornalismo. Nas edições anteriores, que aconteceram no auditório da Faculdade de Comunicação (Facom/UFBa), foram discutidas as seguintes temáticas: as práticas do jornalismo cultural, o uso dos dispositivos móveis no jornalismo, a importância do jornalista multimídia, o crescimento dos jornais populares, a experiência no mercado fora da Bahia e a gestão de empresas jornalística. 


Palestrantes

Monique Melo
Monique é empresária da Comunicação Corporativa há mais de 20 anos. Jornalista, tem ampla experiência em jornal, tv, assessoria de imprensa e gerenciamento de crise. Fundou a Texto & Cia em 1995. 


Pietro Raña
Pietro está à frente da direção de assessoria de imprensa da PiPa Comunicação Integrada. Um dos focos da empresa é assessoria de artistas e personalidades. Já desenvolveu atividades com celebridades como Anitta, Jota Quest, dentre outros. Sua experiência inclui passagens pela TV Band (Programa Michelle Marie Convida), Band São Paulo (produção do Band Folia Nacional) e TVE Bahia, onde exerceu funções de repórter, editor, coordenador e chefe de redação. 

Carlos Prates
Carlos é editor-chefe da Secretaria de Comunicação do Governo do Estado. Jornalista formado pelo Centro Universitário Jorge Amado e pós-graduado em Comunicação Corporativa pela Universidade Católica do Salvador.

Conheça os debatedores

Os debatedores fazem apenas uma pergunta aos três convidados ou uma para cada convidado depois da apresentação. Sempre uma professora especialista no assunto e um estudante interessado:

Juciara Maria Nogueira
Tendo atuado como designer e fotojornalista, durante 12 anos foi proprietária da agência Voga Marketing & Propaganda, pioneira do ramo em Santo Antônio de Jesus e região. É pós doutora e atualmente coordena o curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, instituição da qual é professora adjunta.


Bruno Leite
Estudante de jornalismo (UFRB) e integrante do Grupo de Estudo e Pesquisa Cultura Científica, Gênero e Jornalismo, Bruno coordena a equipe de cobertura na UFRB. Possui experiência como redator de conteúdo online e como produtor e repórter no âmbito telejornalístico.

Parceria UFBA e UFRB

Nesta primeira edição em parceria UFBA -UFRB, os debatedores são a professora, designer e fotojornalista, Juciara Nogueira, e o estudante de jornalismo da UFRB, Bruno Leite.

As coordenações são das professoras Lia Seixas, pela Facom-UFBA, e Leila Nogueira, pelo CAHL_UFRB. A mediação do evento será feita pelo jornalista Eder Luis Santana, membro do NJOR e doutorando no PósCom. O trabalho de produção é dos estudantes de jornalismo das duas faculdades.

SERVIÇO
Evento: Ciclos de Jornalismo
Tema: Comunicação Estratégica
Quando: 13 de julho | sexta-feira | às 9 h
Onde: Auditório do CAHL - UFRB - Cachoeira - BA

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Jornalistas relatam desafios da gestão de empresas jornalísticas


Os desafios da gestão de empresas jornalísticas estarão em pauta na próxima terça-feira, 27, durante a sexta edição do Ciclos de Jornalismo, evento que acontece às 9 horas, no auditório da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Facom/UFBa), em Ondina. Três gestores estarão reunidos para compartilhar suas experiências à frente de veículos de comunicação de diferentes áreas. São eles: Roberto Gazzi, diretor do Correio*, Ricardo Luzbel, fundador do site Bahia Notícias, e Flávio Gonçalves, diretor geral do IRDEB.
O evento é aberto ao público e será transmitido pelo Facebook, canal que estará aberto, inclusive, para receber perguntas. Cada palestrante terá cerca de 20 minutos para apresentar sua experiência e, em seguida, perguntas serão direcionadas por debatedores convidados e pela plateia. A primeira debatedora é a professora e pesquisadora Suzana Barbosa, do Departamento de Comunicação e do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas (PósCom). 

Suzana é co-coordenadora do Grupo de Pesquisa em Jornalismo On-line (GJOL) e coordenadora do Projeto Laboratório de Jornalismo Convergente (CNPq). Suas áreas de pesquisa são jornalismo em redes digitais, inovação no jornalismo, jornalismo em base de dados, jornalismo móvel e convergência jornalística. O segundo debatedor é o estudante de jornalismo Victor Fonseca, fundador do site Cinesia Geek.  
PALESTRANTES Um dos convidados é o jornalista Roberto Gazzi, atual diretor do Correio*. Iniciou a carreira em 1979, sendo que 26 anos de experiência foram obtidos no Estado de S. Paulo, onde coordenou reformas gráficas e editoriais no jornal impresso e no site. Trabalhou também na Folha de S. Paulo e no Diário do Grande ABC. É formado pela Universidade Metodista de São Paulo e tem MBA em Gestão de Redações pelo Instituto Internacional de Ciências Sociais (IICS).
Outro palestrante é o fundador do site Bahia Notícias, Ricardo Luzbel, que também está à frente da Tudo FM e da RBN Digital, uma rádio em aplicativo. Formado em direito, é na área da comunicação que tem investido sua carreira: trabalhou na TV Itapoan entre 1984 e 2007, onde exerceu a função de gerente de operações, jornalismo e programação. Hoje, atua na área de entretenimentos com empresa Luzbel Empreendimentos.
O terceiro participante é o jornalista Flávio Gonçalves, diretor-geral do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (Irdeb). Com a experiência de quem conhece os desafios de lidar com a comunicação pública, Gonçalves é mestre em Políticas de Comunicação e Cultura pela Universidade de Brasília (UNB). Trabalhou no gabinete da diretoria geral da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), na Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República e no Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI).
 EVENTO – O Ciclos de Jornalismo é um projeto permanente do Núcleo de Estudos em Jornalismo (NJOR), organizado em parceria com alunos da graduação. À frente da iniciativa está a professora Lia Seixas. “O tema gestão de empresas jornalísticas está no foco da crise atual. Pode-se criar uma organização ou até ser uma 'organização'. A gestão de uma organização jornalística é um desafio hoje. Estão ocorrendo muitas mudanças, desde a produção até o consumo de notícia.”, afirmou.
A mediação do evento será feita pelo jornalista Eder Luis Santana, membro do NJOR e doutorando no PósCom. Esta é a sexta edição do Ciclos de Jornalismo. Nas edições anteriores foram discutidos os desafios de trabalhar com jornalismo fora da Bahia, as práticas do jornalismo cultural na Bahia e no Brasil, o uso dos dispositivos móveis no jornalismo, a importância do jornalista multimídia e o crescimento dos jornais populares em Salvador. Para saber mais, basta acessar http://ciclosdejornalismo.blogspot.com.br/.

SERVIÇO
Evento: Ciclos de Jornalismo
Tema: Gestão de empresas jornalísticas
Quando: 27 de junho, terça-feira, às 9 horas.

Onde: Auditório da Faculdade de Comunicação da UFBa (Facom), em Ondina.

quarta-feira, 5 de abril de 2017

De malas prontas com o jornalismo

Beatriz Costa com Ingrid Medina, Marina Bastos e edição de Arthur Araújo


Alunos puderam dialogar com profissionais com experiência no mercado internacional 

“A gente fica tão focado em estar aqui [na Bahia], que não consegue perceber as oportunidades lá fora. As possibilidades de fazer comunicação estão muito mais amplas”, comentou a jornalista e produtora de eventos Brenda Ramos, durante a 5ª edição do Ciclos de jornalismo, que aconteceu na última quinta-feira (30), no auditório da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Facom/UFBa). Além dos estudantes da Facom, estiveram presentes alunos de faculdades particulares, como a Unifacs, Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC) e Dois de Julho.

Promovido pelo Núcleo de Estudos em Jornalismo (NJor), o tema do encontro foi “Fazendo Jornalismo Fora da Bahia”. Para debater o assunto, três jornalistas com experiências profissionais em Madri, Angola e São Paulo apresentaram as diferenças dos mercados e das rotinas de trabalho. Foram eles: Brenda Ramos, que atuou como assessora da presidência em Angola, Nelson Barros Neto, atual gerente de comunicação do Esporte Clube Bahia, que trabalhou na capital paulista como redator do Portal R7 e na editoria de esporte da Folha de S. Paulo, além de Juan Torres, diretor de inovação do Correio*, que vivenciou a rotina na redação dos jornal Marca (Espanha) e fez intercâmbio no The Texas Tribune (EUA).

Dois debatedores foram convidados para o evento: a jornalista e professora Malu Fontes e o editor do Aratu Online e mestrando do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Cultura (PósCOM), André Uzeda, que foi correspondente da Folha de S.Paulo. À frente da mediação estava o jornalista Eder Luis Santana, doutorando do PósCOM e membro do NJor.

Experiências na bagagem 

Durante os três anos como executiva de comunicação em Angola, Brenda Ramos afirma ter passado por diversos desafios. Machismo e preconceito eram problemas frequentes na sua rotina. Ainda assim, a produtora de eventos acredita que a experiência internacional valeu a pena, como explicou em entrevista ao FacomNews. “Indico para todo mundo porque é um crescimento profissional e pessoal incrível. Você tem que lidar com uma cultura diferente, trabalhar com seu texto, transformar para outra realidade. Todo mundo tem que estar aberto a isso de alguma forma”, defendeu.

Para Nelson Barros Neto, trabalhar em outros estados é um processo de recomeço, já que você precisa construir um nome do zero, além de ser um processo que exige determinação. “Para mim foi tudo muito natural, as coisas foram acontecendo, mas é preciso trabalhar duro. O mais importante é se empenhar. Não tem como achar que as coisas vão acontecer do nada. Você tem que dar o seu melhor”, destacou, também em entrevista.


Presença de alunos de faculdades como Unifacs, FTC e Dois de Julho marcou o evento

“É importante sair para beber de outras fontes, mas também para desmistificar essa ideia de inferioridade que o brasileiro costuma ter”, defendeu o jornalista Juan Torres. “A saída para outros estados ou para o exterior é importante para ver o que acontece lá fora, voltar e perceber que fazemos um bom trabalho aqui, equivalente ao trabalho de lá. Essas oportunidades, além de darem aprendizados, são uma boa injeção de autoestima que permite ver como produzimos coisas legais”, avaliou. O jornalista reiterou, em conversa com a equipe do FacomNews, que não há ampla diferença no capital humano que trabalha nas redações do Brasil e do exterior. O diferencial está na estrutura de trabalho oferecida.

O acesso às oportunidades internacionais está disponível para todos. De acordo com Juan Torres, a melhor parte das suas experiências relatadas é o fato de não terem sido custeadas com bolsas de incentivo. “Nunca gastei um centavo. Pelo contrário, acabei voltando com dinheiro. Existem muitos programas disponíveis fora do Brasil que dão bolsas e que mantêm a gente por um tempo. É importante acompanhar esses movimentos, esses programas e seguir essas oportunidades”, contou.

Para a professora Malu Fontes, os mercados estão todos envolvidos em um mesmo momento de crise. "Temos uma crise do jornalismo mundial, não apenas no baiano. O que chamo de crise é como se ajustar a esse novo mercado pós-industrial com a decadência do impresso. Mas levando em conta que estamos dentro disso, no Nordeste temos os problemas que todos têm, claro que dentro das suas especificidades regionais. Todos estão passando por crises semelhantes", defendeu em entrevista.

Diferenças de mercado

As diferenças sentidas pelos profissionais nos diversos mercados explorados também foi alvo de interesse dos estudantes presentes no evento. Para Brenda Ramos, por exemplo, o que chamou mais atenção foi a questão cultural. “Senti a diferença de trato com o outro. Em Angola eles são muito formais e o brasileiro é mais despojado. Quando você marca às 17 horas, será às 17 horas em ponto, e não às 17h15, como é aqui. Enfim, são essas pequenas formalidades, além da forma mais séria de lidar com o trabalho”, contou.

Para Juan Torres, que passou por redações em Madri e no Texas, as diferenças podem ser apontadas tanto em questões comportamentais, como a animação e irreverência das redações, quanto de tradição jornalística. “Seguimos um jornalismo da escola americana, muito mais objetivo, com mais pirâmide invertida, estrutura mais engessada, um jornalismo muito declaratório. Já o jornalismo europeu trabalha mais com a especulação, com análise e com texto mais livre. Essa é uma diferença grande. Outra diferença é quanto ao posicionamento político. Lá os jornais têm uma liberdade”, explicou.

André Uzêda, que edita o Aratu Online e atuou como correspondente da Folha de S. Paulo, destacou em entrevista que um dos pontos que diferenciam o jornalismo de envergadura nacional para o local é o incentivo à reportagem. “Eu estava no Ceará e acontecia uma coisa grave no Piauí no mesmo dia. Eles me mandavam cobrir. Uma coisa que me incomoda em Salvador é a falta desse incentivo. Acontece uma coisa, por exemplo, em Paripe e, às vezes, você manda o repórter cobrir por telefone”, comparou, após lembrar que essa é uma questão de falta de estrutura disponível e de oportunidade. "O jornalismo é o mesmo. Aprendendo a fazer não tem mistério, é jornalismo em qualquer lugar”, finalizou.

O jornalista Eder Luis Santana, que participou da organização do evento, definiu o encontro como uma iniciativa de diálogo entre a academia e o mercado. "Eventos como esse são a prova de que existe esse movimento de aproximação. É você pegar profissionais, pessoas que estão na labuta diária da comunicação, para que os estudantes, que estão muito mais ligados ao meio acadêmico, possam estabelecer uma relação de diálogo", completou.

Diversas instituições foram citadas durante a mesa redonda, desde fundações a organizações de classe. Confira:

ABRAJI
ONA
INJET
ICFJ
Fundacíon Carolina

terça-feira, 4 de abril de 2017

André Uzêda: "Uma coisa que me incomoda em Salvador é a falta de incentivo à reportagem"

Marina Bastos

André Uzêda, editor do portal Aratu Online e mestrando do Programa de Comunicação e Cultura Contemporâneas da UFBA, trabalhou como correspondente da Folha de S. Paulo no Ceará.

Qual a importância de eventos como esse do ciclos de jornalismo, onde o aluno pode ter contato com jornalista atuantes?

André Uzêda - Eu acho que é fundamental ter esse tipo de evento. A gente tem esse arcabouço teórico, mas precisa também saber como é o jornalismo na prática mesmo. Na minha época na Facom eu sempre tinha essa preocupação e eventos como este são bons porque aproximam as pessoas que estão no mercado e o estudante. Você tem uma realidade aproximada do que vai viver. Eu acho que esse evento é justamente para isso, dar uma luz ao estudante para que ele possa saber o que acontece na redação, como é o trabalho, se ele vai querer seguir mesmo isso, essa vida cheia de dificuldades.


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Você também já trabalhou como correspondente da Folha, no Ceará. Como foi essa experiencia e como funciona o jornalismo da Folha de S. Paulo comparado com o da Bahia?

A maior diferença que eu percebo, fora essas questões organizacionais das empresas, era o incentivo à reportagem. Então, por exemplo, eu estava no Ceará e acontecia uma coisa grave no Piauí, no mesmo dia eles me mandavam cobrir. Uma coisa que eu me incomodo aqui em Salvador é a falta desse incentivo. Acontece uma coisa, por exemplo, em Paripe e, às vezes, você manda o repórter cobrir do telefone. É uma realidade próxima, a gente tem que ir lá fazer, o jornalista tem que estar no fato e não cobrir só por intermédio. Acontece de, por alguma necessidade, usar o telefone, mas alguns acontecimentos, você tem que estar presente. Então, uma coisa que eu achava muito positiva na cobertura da Folha era o incentivo na reportagem. Isso ajuda a moldar o jornalista de uma forma diferente e o veículo ganha muito com esse incentivo. Eu acho que é uma coisa que aqui, por questão de estrutura, isso precisa se desenvolver bastante.



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Como essa oportunidade de trabalhar na Folha surgiu?

Eu recebi um convite. Eu estava trabalhando no A tarde e fiz uma cobertura do que acabou sendo o impeachment do presidente do Bahia. Ela ganhou muito destaque e acabou chegando em São Paulo. Nessa mesma época, eu fiz a cobertura da copa das confederações, viajei cobrindo a seleção brasileira. Eles viram meu trabalho e quando abriu essa vaga no Ceará eu fui convidado a ir. Foi muito bom como crescimento. O jornalismo tem essa grande qualidade, o seu trabalho destacado se torna visível, se você se destaca, isso desperta o interesse do mercado.

Qual foi o maior desafio ao ingressar na Folha? Quais as maiores diferenças?

Têm umas coisas chatinhas na Folha, tem um manual de redação que você tem que seguir, então é um texto pouco livre. Eu trabalhava na editoria de esporte que, geralmente, é um texto muito mais criativo, mas na Folha você segue muito mais aquele manual de redação. Também tem a questão afetiva de você sair de sua cidade, morar longe, essas coisas que você tem que superar de alguma forma. Além de uma cobrança maior. Eu lembro que a Folha criava um placar entre os correspondentes, quem dava mais furo, quem dava mais matéria original, quem errava menos, eles estipulavam essa concorrência para saber quem estava se destacando mais. Essa era uma realidade que eu nunca tinha vivido aqui, mas você tem que se adaptar, tem que fazer. O jornalismo é o mesmo, mas acho que é uma coisa ampliada, uma cobertura maior, com essas cobranças. Aprendendo a fazer não tem mistério, é jornalismo em qualquer lugar.

Quais foram os aprendizados mais importantes ao trabalhar na Folha e como você os trouxe para o seu trabalho atual na TV Aratu?

Isso de incentivar a reportagem. Eu coordeno o site hoje e sempre falo para os repórteres, não fiquem na redação, não fiquem esperando que eu paute vocês, que eu fale para vocês fazerem isso e aquilo. O trabalho de correspondente era muito isso, o editor te deixava solto, mas você tinha que entregar matéria, você tinha que trazer resultados, você que tinha que ler os outros jornais e olhar diário oficial para trazer reportagem. Eu tento estimular isso de ser proativo, buscar as informações. Eu dou uma liberdade para fazer as matérias, mas os repórteres têm que buscar. Então, é um pouco dessa vivencia que eu tive e tento incentivar que eles façam.

Brenda Ramos: "As possibilidades de fazer comunicação estão muito amplas"

Ingrid Medina

Brenda Ramos, jornalista e produtora de eventos, possui experiência internacional como executiva de Comunicação em Angola.

Trabalhar fora da Bahia sempre foi uma aspiração sua?

Sim, durante um tempo. Eu trabalhava no A Tarde nessa época e um intercâmbio para a Inglaterra em junho de 2012 me inspirou a querer estudar ou ter uma experiência em comunicação fora. Em novembro do mesmo ano o universo parece ter conspirado e eu recebi o convite para trabalhar em Angola. Foi uma experiência maravilhosa. Eu indico para todo mundo porque é um crescimento profissional e pessoal incrível. Você tem que lidar com uma cultura diferente, trabalhar com seu texto, toda sua carga de cultura e de escrita e ter que transformar isso para uma outra realidade. Eu acho que todo mundo tem que estar aberto a isso de alguma forma.


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Você teve algum receio por ser a Angola, um país diferente?

Sim, muito. Minha família enlouqueceu. Surgiram os medos daqueles preconceitos que o continente africano já carrega ao longo da sua existência. Então, fiquei com medo de doenças, de acontecer alguma coisa, de violência e tudo mais. Só que a minha experiência lá serviu para desmitificar toda essa carga preconceituosa que a gente tem, quando não se vive na África, quando não a conhecemos. Foi muito importante para quebrar esses paradigmas. Claro que lá também existem problemas, situações muito graves: malária, febre amarela, até a questão do Ebola. É uma coisa assustadora se você parar para pensar. E tem pessoas que não conseguem conviver com uma realidade como essa. Mas para mim qualquer dificuldade gera aprendizado, então foi muito importante passar por isso.

Você poderia destacar uma experiência marcante que viveu lá?

Eu escrevia e editava um jornal interno, que circulava dentro da maior obra em andamento da África, a de uma hidrelétrica. O nome do jornal era “Laúca Informa” e ele era utilizado durante os trabalhos educacionais realizados nas vilas que iam sendo dadas pelas barragens. Quando eu recebi as fotos das pessoas das aldeias lendo o jornal, eu fiquei muito emocionada. Eu vi que estava sendo útil a informação que a gente estava produzindo. Foi uma experiência muito legal.

Quando você voltou aqui para Bahia, você sentiu muita diferença?

Sim, primeiro porque eu fiz uma transição de carreira. Logo quando eu voltei eu abri uma empresa, um espaço de eventos e comecei a trabalhar com comunicação dentro do meu próprio empreendimento. Agora eu estou editando uma revista que vai ser lançada em abril voltada para o mercado pet. Então, no lidar com as pessoas, eu senti muita diferença de trato com o outro. Em Angola eles são muito formais e o brasileiro é muito despojado. Quando você marca 17h, é 17h, não é 17h15, como é aqui. São essas pequenas formalidades, como a forma mais séria de lidar com o trabalho, e que acontece tanto com o povo angolano como com o estrangeiro de forma geral. Por se tratar do segundo país da África, maior fabricante de petróleo, tem muita gente de fora. Os padrões de comportamento, pessoais e profissionais, são completamente diferentes do Brasil. Então, após três anos lidando com tamanha formalidade, tive que voltar a lidar com o jeitinho brasileiro. Foi uma coisa bem complicada, eu me estressei muito.

Já recebeu alguma outra oportunidade para trabalhar fora ou está analisando alguma?

Nesse momento, não. Eu sinto muitas saudades de Angola, das pessoas e de tudo o que eu construí lá, de relações de aprendizado, mas eu acho que fechei um ciclo. O país em si não está muito propício financeiramente para construir uma carreira. Está muito difícil enviar dinheiro da Angola para o Brasil, os salários já não são mais em dólar ou em real. Então, financeiramente não está valendo a pena. Como agora eu tenho uma raiz, uma empresa para cuidar é diferente de quando eu recebi o convite, que eu não tinha nada, só minha bicicleta e um cachorro. Mas, hoje é mais difícil. Eu voltaria se fosse uma coisa mais pontual, um job. Talvez se fosse para outro país, com condições de vida melhor... Acho que meu ciclo com Angola se fechou e eu guardo com muito carinho.

Você recebeu alguma indicação para trabalhar lá ou 'meteu a cara'?

Quem me indicou foi minha ex-editora do A Tarde, Marlene Lopes, que estava lá há um ano e meio e me convidou para trabalhar com ela.  Ficamos mais ou menos um ano e oito meses trabalhando no gabinete de marketing da presidência do país. A gente ficava mesmo na área de administração, fazendo clipagem e monitoramento de mídia para os ministros. Uma experiência muito grande também, por lidar com o alto escalão. Eu tinha acabado de chegar e me deparei com esse desafio. Tive que mudar meu guarda-roupa todo, mas também foi um aprendizado, porque eu sempre fui assim, despojada, calça jeans e camiseta. Em Angola, como eles são muito formais, eu tive que fazer uma grande alteração no meu armário. Mas foi legal porque de certa forma é respeitar o ambiente do outro. Não podemos querer impor nossa cultura, nosso modo de se vestir para as pessoas.

Como você vê a importante de um evento como o “Ciclos de Jornalismo”?

Eu acho importante. Quando eu fiz faculdade de jornalismo eu tive um curso que pregava romantismo na área. Eu saí da faculdade achando que mudaria o mundo e quando a gente bate de frente com as dificuldades do mercado de trabalho é frustrante, na realidade de Salvador. Trazer pessoas que conseguiram romper barreiras de fronteiras da Bahia pode servir de estímulo, de inspiração para os estudantes estarem mais abertos. Às vezes a gente fica tão focado em estar aqui, que não consegue perceber as oportunidades que tem lá fora, principalmente com internet e redes sociais bombando. As possibilidades de fazer comunicação estão muito mais amplas. Acho que eventos como esse servem para abrir um pouco a mente dos estudantes.

Para quem aspira ser correspondente ou trabalhar fora, qual seu maior conselho?

Meu maior conselho é ter a mente e o coração aberto. Nunca achar que você é superior à outra cultura. Na verdade, esse é o princípio básico de sobrevivência de qualquer ser humano em qualquer lugar do mundo. É tratar o outro como você gostaria de ser tratado, isso vai lhe abrir portas, seja no escritório, na redação, ou na sociedade como um todo. Isso vai tornar sua experiência ainda mais rica em todos os sentidos: se colocar como um aprendiz. Você não está na sua casa, você está na casa dos outros. Você tem que ter um cuidado, um requinte no seu comportamento, para que você e as pessoas deem o seu melhor. Tornando tudo um aprendizado, o crescimento é geral, porque eles também vão aprender com a sua cultura. É uma postura educada, gentil e sem pedantismo. Principalmente no meu caso, já que fui para um continente que já se sente subjugado historicamente. Eu sou assim normalmente, acho que essa postura me ajudou a construir relações sólidas e aprender bastante com eles.

Qual a diferença da Brenda de calça jeans para a empreendedora?

Primeiro que lá se costuma dizer que três meses de Angola é igual a um ano no Brasil. Nossa rotina de trabalho era três meses lá e 15 dias aqui. A gente vivia tanta coisa, tudo tão intenso que eu acho que eu envelheci uns 10 anos nesse período. Eu me sinto muito mais madura. Eu me arrependo de algumas coisas desde que saí da faculdade, como ter ido muito para o mercado ao invés de seguir o que eu realmente acreditava. As oportunidades estão em tal área, então eu fui viajando em setores que não me satisfaziam, mas tinham oportunidade de emprego. Isso de certa forma é uma frustração. Hoje, eu aprendi a estar mais conectada com meus próprios valores, com o que eu realmente acredito e gosto de fazer. Por exemplo, eu amo animais, porque não posso fazer uma revista sobre isso? Se a gente conectar tudo que realmente gostamos com a profissão vai dar certo de alguma forma.

Por que empreender?

Na verdade, é a casa da minha família. Eu adoro festas, adoro eventos, uma coisa que me dá prazer e traz rentabilidade. Me conecta com minha família e fortalece nossa relação. Um negócio no qual posso gerir melhor meu tempo, inclusive em projetos paralelos, como essa revista. Me deu uma certa mobilidade e conforto de fazer o que eu gosto. Também faço curso de gastronomia à noite. Eu peguei as três coisas que mais gosto de fazer e estou fazendo. A gente tem que perder um pouco dessa percepção de ser uma coisa só, aquilo para o que se formou. É necessário estar com a mente aberta para fazer as coisas que realmente lhe dão prazer e o jornalismo é um ofício muito adaptável. Você pode usar a comunicação em qualquer coisa, em qualquer área da sua vida. Mesmo que você não entre em uma redação de jornal, monte uma empresa, ela estará em você, você vai usá-la ao seu favor. O mundo está muito múltiplo e a gente não pode se fechar em uma visão.

Nelson Barros: "Para quem quer sair da Bahia, o mais importante é trabalhar duro"

Ingrid Medina

Nelson Barros, gerente de Comunicação do Esporte Clube Bahia, atuou como repórter e correspondente da Folha de S. Paulo e como redator no portal R7.

Trabalhar fora da Bahia foi sempre uma aspiração para você?

Eu nunca tive esse sonho de trabalhar fora da Bahia. Sempre achei que tinha que ficar aqui mesmo. Só que as coisas na minha vida foram acontecendo naturalmente. Eu sei que tem muita gente que sonha[em sair], até mesmo pelas dificuldades do mercado local, que infelizmente está cada vez pior. Eu já trabalhava no jornal A Tarde e estava satisfeito. Fui fazer uma cobertura em São Paulo e acabei recebendo um convite, devido à indicação de uma amiga, para trabalhar no site R7. A chefa da empresa gostou de mim, não sei se ela gostava de baianos. Nem pensei em aceitar, mas depois de conversar com amigos e minha família acabei aceitando. Não foi uma vontade de sempre, como você perguntou, mas foi muito válido para mim. Eu gostei muito.


Ouvir áudio:

Como era sua experiência lá? Você sentia muita diferença em trabalhar no portal R7 e aqui?

Só para complementar eu também trabalhei na Folha de S. Paulo, onde fiquei por um maior período. Eu trabalhei uns três meses no R7 e depois saí porque preferi. Acho que basicamente a principal diferença é que quando você chega lá tem que recomeçar do zero. Mais um baiano que chegou. Pode ser olhado com um certo preconceito: “Tá roubando uma vaga de paulista”, coisas assim. É difícil por isso, porque todo o esforço que você fez “vai em vão”, claro que não é em vão porque você acumula experiências, mas tem que fazer tudo de novo lá, mostrar seu potencial. Não adianta dizer que você era maravilhoso em Salvador porque eles só vão confiar no trabalho que desempenhar com eles.

Você queria sair da Folha para virar gerente de comunicação do Bahia?

Na verdade, não foi exatamente assim. “Não sou eu que me navego, quem me navega é o mar”, ou então aquela música de Zeca Pagodinho: “Deixa a vida me levar”. Tudo aconteceu. Minha volta para Salvador já foi na situação de correspondente, uniu o útil ao agradável, porque eu voltei para ficar com a família trabalhando para a Folha de S. Paulo, que é um jornal importante. Mas não foi algo pensado. Surgiu uma vaga e aconteceu de eu ir para o Bahia. O clube sofreu uma revolução democrática e era algo pelo qual eu sempre batalhava. Sempre fui torcedor fanático. Militei denunciando as coisas que aconteciam de erradas e tudo o que eu queria e sonhava se tornou realidade. Por isso, quando me fizeram esse convite foi mais cativante, o que me surpreendeu muito. Os que conhecem a minha face tricolor acham que eu nasci para isso. Mas, na verdade, eu não concordo. Os que não me conhecem dizem que eu sou maluco por abandonar a Folha de S. Paulo para ir para o clube. Na verdade eu não dirigi minha carreira, só aconteceu.

Quais foram as experiências como correspondente que mais você guarda?

Difícil essa pergunta. Embora eu não tenha ficado tanto tempo como correspondente, eu digo que meu horário de trabalho era do acordar ao dormir. Por exemplo, na véspera de uma eleição municipal em 2012, teve um apagão no final de semana e já tinha trabalhado o dia todo. Surgiu esse blackout de madrugada, uma coisa interessante para a Folha de S. Paulo e eu tinha que ficar apurando de madrugada mesmo. Eu sou apaixonado pelo jornalismo, apesar de tudo o que existe. Eu fazia na maior boa vontade, não achava ruim não. Eu lembro a primeira manchete que consegui fazer com outros colegas correspondentes sobre o interior da Bahia. Cobria situações completamente diferentes do que fazia em São Paulo. Outra coisa legal de correspondente: eu podia cobrir desde a vinda da presidente Dilma até a gravação da microssérie Canto da Sereia, com Ísis Valverde. Eu fazia de tudo, de economia a cultura. Isso era muito legal. Eu sempre gostei. As pessoas acham que o pessoal de esporte só pensa em futebol. Alguns colegas são assim mesmo, mas eu nunca fui assim. Então, era bacana essa possibilidade de mexer com muita coisa ao mesmo tempo.

Para quem aspira ser correspondente ou ir para fora, qual seu maior conselho?

Eu tenho muitos amigos baianos jornalistas em São Paulo, me sentia em casa. Tem até uma galera que fala “máfia do dendê”. Para quem quer sair, eu acho que o mais importante de tudo é você trabalhar forte, duro, se empenhar muito mesmo. Não tem como achar que as coisas vão acontecer do nada. Você tem que dar o seu melhor, ir construindo uma carreira forte aqui para quando chegar lá ser mais fácil. Se você pensa em ir antecipadamente, digamos assim, está querendo ir de qualquer jeito, acho que tem que tentar. Antes de ir, é importante fazer contatos, talvez com amigos que possam ajudar. Tem muita questão de indicação. Acho que quem escolheu jornalismo escolheu sabendo que é difícil. É um campo de saber muito romantizado apesar de tudo. Tem muito daquela visão do jornalista fumando, com a máquina de datilografar, com matéria no lixo. Muita coisa desse romantismo é uma metáfora. As coisas continuam difíceis. Você tem que ir junto com essa visão do sonho e do mundo glamoroso, mas batalhar muito.

Como você vê a importância de eventos como o Ciclos do Jornalismo para os estudantes?

Eu acho muito importante. Eu, ex-faconiano, estou aqui feliz da vida por estar de volta à Facom matando a saudade. Eu lembro que logo no início da minha faculdade, no primeiro semestre, houve um evento parecido, com jornalistas mais experientes e isso me marcou muito. Eu entrei aqui no auditório, com algumas melhorias claro, mas o mesmo lugar. Fiquei lembrando daquele dia que gente como Zezão Castro, um jornalista conhecido aqui da Bahia, falou sobre como era a vida na redação. Então eu acho fundamental. Tem que acontecer com frequência.