Beatriz Costa
Malu Fontes é professora da Facom-UFBA e do PósCOM, jornalista, colunista do Correio e comentarista da Rádio Metrópole.
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Existe alguma especificidade no jornalismo baiano com relação aos demais mercados no Brasil?
Não, obviamente que temos um olhar mais viciado porque moramos no lugar, então conhecemos todas as variáveis do campo jornalístico, mas eu não vejo hoje nenhuma especificidade do mercado baiano, a não ser que a gente não é um dos grandes centros econômicos do Brasil. São Paulo porque movimenta o PIB nacional praticamente. O Rio de Janeiro porque tem uma influência na questão do entretenimento e pelos aspectos culturais. Brasília porque é o centro de decisão política, mas não é em si o jornalismo brasiliense, mas informações produzidas lá. Exceto isso eu não vejo nenhuma característica que torne Salvador diferente. Ao contrário, eu acho até que, por exemplo, pelo que o Correio se transformou nos últimos anos, tem tido muito status dentro dos jornais brasileiros. Ele não está nada devendo em termo de renovação e investimento em tecnologia.
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O mercado baiano vive uma crise?
A gente não tem uma crise só do jornalismo baiano. Primeiro temos uma crise do jornalismo mundial, depois do nacional. O que eu chamo de crise é como se ajustar a esse novo mercado pós-industrial com a decadência do impresso. Mas levando em conta que a gente está dentro disso, no Nordeste eu acho que a gente tem os problemas que todos têm, claro que dentro das suas especificidades regionais. Por exemplo o que é que Sergipe tem que a gente não tem? O que Pernambuco tem que a gente não tem? Eles estão na frente da gente exatamente em quê? Todos estão passando por crises semelhantes.
Como os anunciantes entram nesta questão?
O anunciante entra aí como personagem fundamental. Se ele está em crise econômica acontece uma crise dupla porque hoje, por exemplo, ele não consegue ver no digital as grandes apostas que ele pode fazer. Então, ao mesmo tempo que não tem dinheiro para apostar, não vai apostar naquilo em que não acredita. O impresso é muito caro e se restringe a um público cada vez menor. Um grande anunciante que publica uma página inteira de um jornal impresso tem um retorno, mas é caro e esse retorno jamais será igual ao que já foi um dia. Eu fico imaginando hoje alguém que tem um produto jovem, a marca Coca Cola, por exemplo, para ela anunciar onde é que ela chega. É muito difícil. É um desafio aqui, em Sergipe, em qualquer lugar.