terça-feira, 3 de maio de 2011

Sucesso de público, 2º Ciclos foi Trend Topics Salvador

Val Benvindo e Manuella Cardoso com colaboração de Júlia Belas
                                                         (Leonardo Pastor/ Labfoto)

A 2ª edição do Ciclos de Jornalismo, que  teve como tema “Jornalista Multimídia: que profissional é esse?”, foi um sucesso de público. O evento teve sua hashtag #ciclosdejor no terceiro lugar dos Trendings Topics Salvador por toda a manhã. Transmitido ao vivo pelo twitcam, o Ciclos contou com a assinatura de 126 pessoas para o recebimento de certificados, um auditório cheio até o final do evento, com a presença de estudantes de jornalismo, jornalistas e professores de jornalismo, além da cobertura para duas disciplinas, Jornalismo Digital da Facom e Telejornalismo da UFRB.  Os palestrantes, jornalista Daniel Senna (Agecom), Giacomo Mancini (G1/Rede Bahia), Felipe Barbalho (A Tarde OnLine) e a professora Suzana Barbosa (Facom/UFBA), trouxeram à tona temas como convergência jornalística, evolução do jornalismo, redes sociais, rotinas produtivas e outros assuntos relacionados ao jornalista multimídia.

Um dos temas de destaque foi exatamente a definição de jornalista multimídia e como ser um bom profissional no mercado atual. Em consenso, todos os palestrantes acreditam que para ser um bom jornalista multimídia é preciso ter noção de todas a linguagens e plataformas, ainda que se tenha preferência por esta ou aquela área. O jornalista multimídia está longe de ser somente o profissional ligado ao afazeres da internet, muito pelo contrário, este circula por toda e qualquer plataforma em que o jornalismo se encaixe.

Para Giácomo Mancini, que durante o evento se comparou a um jornalista jurássico que gosta de tecnologia, o que é noticiado ainda é o mais importante: “Informação continua a ser fundamental, independente da plataforma”. Mancini ainda brincou dizendo que já era um jornalista multimídia no início de sua carreira, em 1975, quando fotografava, produzia textos e trabalhava na rádio e na televisão, tudo ao mesmo tempo. Para ele, ser um profissional de comunicação multimídia é não se restringir a apenas fazer o seu texto. Cabe a ele estar sempre informado e usar diferentes ferramentas para divulgar sua notícia.

Daniel Senna, que atualmente produz para todas as mídias na Agecom, explicou as diferenças das linguagens: “Cada mídia requer um texto diferente, não dá pra fazer o mesmo texto para rádio e impresso, por exemplo. A maior diferença entre rádio e TV é a referência à imagem, que na TV é constante. No rádio, você precisa de referências o tempo todo, mas essa é uma das poucas adaptações que se tem que fazer. O texto para internet, eu passo para a redação por e-mail ou telefone, e alguém vai e publica. A TV exige que você grave a entrevista. Então se você perder aquele momento ou aquela coletiva, você perde a entrevista com a fonte e prejudica toda a matéria. Para o impresso, eu já estou na redação posso redigir com mais calma, o texto é mais detalhado.”

Seguindo a mesma linha, Felipe Barbalho, que se denomina “essencialmente on line” por nunca ter trabalhado em outra plataforma que não fosse a internet, reafirmou a importância de se ter noções básicas acerca de todas as mídias. “Esse profissional é alguém que está consciente e quer fazer o jornalismo multimídia. Está disposto a usar as mídias sociais, captar áudio e fazer fotografias”. Os jornalistas que trabalham em grupos de comunicação donos de variadas mídias, reafirmaram como essa estrutura mais ampla os ajuda na tentativa de noticiar em diferentes mídias.

Desta matéria:
Professores analisam formação do jornalista multimídia. Ouça.
O que estudantes e jornalistas pensam do assunto? Leia.
Confira imagens do evento, realização Labfoto da Facom.
Conheça as tuitadas com #ciclosdejor

A rotina do profissional multimídia foi outro assunto bastante debatido. Daniel Senna explicou como funciona na Agecom: “Para evitar os conflitos que ocorriam entre os editores, cada um queria a sua matéria o quanto antes, nós estabelecemos essa ordem: primeiro a internet, que o texto é mais rápido; depois, rádio e TV, cujos textos são bem parecidos; por último o impresso, que só vai ser publicado no dia seguinte.” Já a rotina da G1 Bahia é um pouco diferente, já que as mídias trabalham separadamente, apesar de serem parte da mesma organização. “O G1 dá a notícia junto ou primeiro”, afirmou Giacomo, comparando com a TVBahia.

Questionando os jornalistas sobre as rotinas produtivas, a professora Suzana Barbosa discutiu três elementos-chave: convergência jornalística, identidade profissional e salário. A professora, especialista em jornalismo digital, analisou a convergência jornalística - processo de produção integrada de conteúdo, se pensando nas diversas plataformas - em diversas redações, a exemplo do The Guardian (ING), El Pais (ESP), El Mundo (ESP) e, no Brasil, o Globo (RJ), O Estado de S. Paulo (SP), A Tarde e Correio* (BA). “Um jornal multimídia, por exemplo, tem que ter a capacidade de elaborar notícias para diversos suportes, adaptando as historias à linguagem de cada meio, logo o jornalista precisa construir nova identidade profissional, a identidade multimídia”, destacou Suzana. A convergência jornalística muda totalmente a rotina de uma redação, já que as paredes são abolidas e todos pertencentes a uma mesma instituição trabalham lado a lado, independente para qual mídia trabalhe. “O fato de que ser um profissional multimídia, não significa ter um multissalário”, ressaltou, levando os presentes ao riso e a tristeza, ao mesmo tempo.

Jornalistas dão dicas para os estudantes

Os estudantes, participantes ativos no debate, receberam diverso conselhos para serem esse jornalista multimídia tão exigido pelo mercado. Lembrando sua própria história, Daniel Senna sugeriu: “Não tenha preferências. Aproveite as matérias práticas e se dedique com a mesma intensidade a todas elas. Afinal você não sabe o que o mercado vai pedir de você, qual porta vai se abrir primeiro, ou se vai ser multimídia”.  Felipe Barbalho recomendou que os estudantes experimentem as várias linguagens:” Vocês devem fazer isso, gravar vídeo, áudio, mas não devem se restringir a pegar isso e passar para um papel. Tem que saber editar um áudio, um vídeo, fazer uma foto, saber mexer em tudo que tem à disposição”.

Após os debates, o clima no auditório era de satisfação. “Estou feliz de ver esse auditório lotado. O pessoal interessado em discutir assuntos, e um assunto que é de extrema relevância, por conta do repórter multifuncional, um repórter que faz tudo”, afirmou Eric Luís Carvalho, repórter do GE Bahia. A professora de Telejornalismo da UFRB Leila Nogueira, que trouxe toda a sua turma para cobrir a segunda edição do Ciclos, analisou a importância do evento: “É muito bom a gente ter eventos desse tipo para debater com profissionais do mercado, pesquisadores, professores e estudantes, por que é um tema que precisa ser debatido sem os muros da academia”.

A próxima edição, que deve ocorrer em junho, terá o tema “Jornalismo em dispositivos móveis”. A coordenação pretende transmitir novamente via twitcam e já trabalha para melhorar a qualidade da transmissão.